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- Impactos da Restauração
Seguindo os critérios motivacionais, potenciais biofísicos, limitações econômicas e restrições legais, o conjunto das oportunidades de restauração identificadas pela ROAM para o VPP somaria nada menos do que 271 mil hectares, o que corresponde a 19% de todo o território. As oportunidades sem fins comerciais, ou seja, aquelas cujo objetivo único é o de promover a restauração ecológica, seja para adequação legal ou provimento de serviços ecossistêmicos, somam 58 mil hectares, ou quase 60% do déficit de APP e RL (Regeneração Natural 24 mil hectares, Reflorestamento Ecológico 24 mil hectares, Enriquecimento Ecológico 10 mil hectares).
Entre as categorias com finalidade econômica, quase 380 mil hectares estariam aptos a receber diferentes projetos de restauração, dos quais 27% atenderiam ao menos 2 demandas motivacionais levantadas pelo Fórum Político. A alocação das categorias segundo o VET máximo resultaria numa área potencial de 225 mil hectares para o sistema silvipastoril e outros 100 mil hectares para silvicultura de nativas, sendo 90% desses para sistemas de baixa diversidade, porém com alto valor agregado. Estimou-se que, em média, o sistema silvipastoril poderia gerar um Valor Presente Líquido próximo a R$ 685/ha/ano com payback de 7 anos enquanto a silvicultura de baixa diversidade R$ 415/ha/ano com payback de 10 anos, contra a média de lucro bruto de R$ 208/ha/ano estimada para a pecuária leiteira tradicional.
Já entre os sistemas mistos, o Sistema Agroflorestal (SAF) seria aconselhado para valores de terra menores que R$ 13 mil, podendo, portanto, se sobrepor à própria silvicultura de nativas. Embora esse sistema traga um valor de VPL bem próximo ao silvipastoril, exigiria um tempo de retorno de investimento 3 anos maior, próximo a 10 anos. Silvicultura de nativas com frutíferas ou extração de produtos não madeireiros, como juçara (Euterpe sp.), têm tempo de retorno (payback) próximo aos 10 anos, porém com VPL 30% inferior, mais adequados a terras com preços que não ultrapassem os R$ 9 mil. Sistemas que explorem exclusivamente produtos madeireiros têm retornos medianos, ainda assim até 35% superiores ao sistema leiteiro tradicional, porém de longo prazo, excedendo os 25 anos para retorno do investimento; portanto, direcionados à formação de poupança florestal ou investimentos de adequação ambiental para os quais o produtor não dependa de receitas de curto prazo, sendo mais restritos.
Em escala da paisagem, a substituição das pastagens pelas oportunidades de RPF, ainda que parte delas não tenha fins econômicos e não gere receitas, ao final do tempo de maturação dos projetos poder-se-ia esperar um valor agregado que equivaleria a 31,7% do PIB agropecuário do VPP. Perder-se-iam cerca R$ 88 milhões pela substituição da pecuária leiteira, mas o ganho bruto superaria os R$ 207 milhões pelos produtos florestais e do sistema silvipastoril. Agregando em termos líquidos cerca de R$ 119 milhões/ano.
Os projetos trariam benefícios para muito além da geração de renda. Estimou-se que a restauração florestal da paisagem poderia diminuir em até 19% a perda de solo na Bacia do Vale em sua porção paulista, ou algo em torno de 524 mil toneladas de solo que deixariam de ser lixiviados por ano. Poderiam, ainda, gerar um sequestro de carbono próximo a 44 Tg C equivalente a 0.5% do compromisso brasileiro assumido com a agenda de clima.
As 34 sub-bacias prioritárias são realmente relevantes
Corrobora-se que as 34 sub-bacias prioritárias definidas pelo Comitê das Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul (CBH-PS) são áreas de maior relevância dentro do território do Vale. Embora ocupem apenas cerca de 20% do VPP, detêm conjuntamente 31% das áreas sugeridas para restauração, 32% do potencial de sequestro de carbono, 32% das áreas prioritárias para retenção de sedimentos e 28% das áreas relevantes para aumento da infiltração. A RPF nessas sub-bacias poderia aumentar o PIB agropecuário do VPP em R$ 38 milhões, um acréscimo equivalente a 11%.